29 de outubro de 2013

percursos

















a porta da adolescência escancarada. trocavam-se passeios cotas à beira mar por qualquer outra coisa, já não se recorda, talvez por livros que telemóveis não havia. o mar a bater ondas e elas dentro da máquina num amplo miradouro de terra batida. lembrou-se de ver se saberia coordenar os pés. estava habituada a entrechat quatre, três pedais haviam de ser canja. e foram. virou-se para a ignição como se já conhecesse todos os passos. nunca se tinha sentado em nenhum colo a fazer de conta que girava o volante, quando os pés não chegavam ao chão sentada na cadeira, mas já tinha feito muitas contas de cabeça a estimar horas de chegada nas intermináveis viagens de verão rumo ao sul. nunca perguntou: já chegamos? onde estamos? porque tomava conta das placas, dos quilómetros e a quantos iam à hora e fazia contas de cabeça como quem conta carneirinhos para passar o tempo. meteu primeira e marcha atrás e lembra-se do carro ter ido abaixo e de não ter desistido sob pena de não ficar bem na posição de origem. era arisca na dose porque arriscava dentro de um trilho imaginário.

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eu vista por mim

eu vista por mim
novembro1982